domingo, 8 de dezembro de 2013

Acrilic on Canvas








Acrilic On Canvas

Legião Urbana



É saudade, então
E mais uma vez
De você fiz o desenho mais perfeito que se fez
Os traços copiei do que não aconteceu
As cores que escolhi entre as tintas que inventei
Misturei com a promessa que nós dois nunca fizemos
De um dia sermos três
Trabalhei você em luz e sombra

E era sempre: "Não foi por mal"
Eu juro que nunca quis deixar você tão triste
Sempre as mesmas desculpas
E desculpas nem sempre são sinceras
Quase nunca são

Preparei a minha tela
Com pedaços de lençóis que não chegamos a sujar
A armação fiz com madeira
Da janela do teu quarto
Do portão da sua casa
Fiz paleta e cavalete
E com as lágrimas que não brincaram com você
Destilei óleo de linhaça
E da sua cama arranquei pedaços
Que talhei em estiletes de tamanhos diferentes
E fiz, então, pincéis com seus cabelos
Fiz carvão do baton que roubei de você
E com ele marquei dois pontos de fuga
E rabisquei meu horizonte

E era sempre: "Não foi por mal"
Eu juro que não foi por mal
Eu não queria machucar você
Prometo que isso nunca vai acontecer mais uma vez

E era sempre, sempre o mesmo novamente
A mesma traição

Às vezes é difícil esquecer:
"Sinto muito, ela não mora mais aqui"
Mas então, por que eu finjo
Que acredito no que invento?
Nada disso aconteceu assim
Não foi desse jeito
Ninguém sofreu
E é só você que me provoca essa saudade vazia
Tentando pintar essas flores com o nome
De "amor-perfeito"
E "não-te-esqueças-de-mim"

Link: http://www.vagalume.com.br/legiao-urbana/acrilic-on-canvas.html#ixzz2mvTUtaaq

segunda-feira, 5 de agosto de 2013



07 de janeiro de 2002

Nasci

Foi você que me deu a luz
Fui eu quem nasceu.
Nasci para o melhor de mim.Até hoje eu estava em gestação no ventre da vida,sendo preparada,maturada.Feito lagarta no casulo,por 32 anos esperando o momento para ser borboleta ,com o romper da minha placenta.
Foi você que me deu a vida.
Tudo o que era lágrima de dor, hoje é lágrima de amor.
Tudo o que parecia vivo e latente,hoje vislumbra e se espanta de longe.
Com o seu latejar.Com o brilho do seu olhar.
Tudo o que outrora (o ontem já me parece passado distante!) assustava e ecoava de dentro de um vazio a me procurar,pára hoje e recua : não há mais lugar.
Nasci para a vida , no seu despertar.
Por seu chorinho gritado que me fez acordar.
E me presentear
Com o melhor de mim,
em mim.
Sou você nos seus olhinhos a piscar
No meu amamentar.
Sou muito eu, no seu respirar.
Bem vinda vida.
Bem vindo meu bebe, meu Cadu.
Bem vinda, Silmara.

Nasci.

domingo, 28 de julho de 2013




DNA


Eu tinha 15 anos. Elas estavam lá. Era meu inicio, inicio das nossas vidas. Um amor escolhido pelas mãos de Deus. Tudo o que eu era. Tudo o que eu fui, como me fiz, o que me fez, o que vivi, o que escondi, o que ninguém nunca mais viu. Elas sabem, elas sempre saberão.
Na alegria do meu casamento, elas estavam lá, no altar. Na tristeza do meu divórcio, elas estavam lá, de mãos dadas comigo. Nas minhas idas e vindas, elas sempre estavam lá.
30 anos depois elas estão lá. E sempre estarão.
Almas ligadas, corações entrelaçados.
Nossas vidas seguiram caminhos diferentes. Não foi preciso convivência. A distância nunca existiu. Anos atrás são apenas ontem.
Eu tenho duas irmãs que nasceram da minha mãe. Eu conheço este amor. De sangue.
Eu tenho mais duas, com meu DNA. O mesmo gene compõe nossas células, o laço que não desata amarra nossas almas. Cristo nos fez assim, diferentes , ímpares, pra sempre iguais. Pra sempre juntas.
Minhas amigas, minhas irmãs, minhas meninas. Parte minha , por aí.
Pra quem queira saber o que é amizade. O amor sem nada a acrescentar. Sem contestar, sem cobrar , sem machucar. Amor, em sua essência pura.

Amo vocês.

sábado, 22 de junho de 2013

Solidão Assistida








Solidão nas suas mais variadas e diversas faces,

Solidão por opção. Com alguém. Rodeada de todos, sempre. Cheio de nada, mesmo assim
Solidão por abandono. Quando quem vai leva a sua melhor parte, a que te faz companhia Aí é mais que solidão, é vazio,
A tal solidão a dois, disfarçada por aparências e argolas nos dedos. A solução para fugir da real condição de ser inteiro , dividindo o que já não há mais, com o outro, eleito pra este papel. Ilusão pra disfarçar. A pior das solidões, misturada com mentiras
Solidão acompanhada. Destas que a gente desmorona, cai , cata os cacos do coração, mas recolhe tudo. Amontoa num canto como se fossem roupas saídas do armário e não devolvidas. Que a gente organiza depois.Sem pressa. Na sua hora. Que a gente se isola, encontra o luto de frente , chora as suas dores, aprende com todas as vertentes que a dor tras. Mas não se perde. Apenas se reorganiza, Tira o que empoeirou, libera espaços.
Solidão assistida. Como uma doença grave diagnosticada ha tempo, que com os procedimentos corretos fica controlada, Solidão virada do avesso, sem ajuda externa. No interior, mostrando as faces boas de que esquecemos, sempre a ignorar o lado  de livramento que uma perda pode estar escondendo.
As rejeições da vida nos levam a acreditar que o que não temos é o melhor que poderíamos ter e que o que temos não combina, já que esta lá.
Há mais na solidão do que podemos ver.
Fecho a porta do quarto, coloco a musica que mais faz meu coração intensificar seus sentimentos, sejam lembranças, dores, saudade, amor, perda. Masoquismo? Eu prefiro chamar de penicilina.
Solidão assistida, de longe, la onde estou vibrando no fim do túnel. Deixando a carga pelo caminho escuro.
Solidão assistida , no sentido de dar assistência. Só eu sou especialista em mim.

O dia seguinte vem melhor. Ai, os amigos estarão lá de fato.
Um peeling na alma. Deixa a pele seca, descama , enfeia pra limpar, rejuvenece.


Solidão. Na proposção certa. Seja bem vinda

Carvão





Ana Carolina



 
Surgiu como um clarão

Um raio me cortando a escuridão

E veio me puxando pela mão

Por onde não imaginei seguir

Me fez sentir tão bem, como ninguém

E eu fui me enganando sem sentir

E fui abrindo portas sem sair

Sonhando às cegas, sem dormir

Não sei quem é você
O amor em seu carvão

Foi me queimando em brasa num colchão

E me partiu em tantas pelo chão

Me colocou diante de um leão

O amor me consumiu, depois sumiu

E eu até perguntei, mas ninguém viu

E fui fechando o rosto sem sentir

E mesmo atenta, sem me distrair

Não sei quem é você


No espelho da ilusão

Se retocou pra outra traição

Tentou abrir as flores do perdão

Mas bati minha raiva no portão

E não mais me procure sem razão

Me deixa aqui e solta a minha mão

Eu fui fechando o tempo, sem chover

Fui fechando os meus olhos, pra esquecer

Quem é você?

Quem é você?

Quem é você?

Você...

segunda-feira, 25 de março de 2013

Saudade



Hoje e' dia 21.
Foi num dia 21 que voce resolveu que iria embora.
Achei esta foto e lembrei de voce. Lembrei de quando saimos esta noite.Nós 3.
Tanta coisa mudou minha irmã. Tudo mudou.
O tempo passa,dissolve algumas coisas, outras não.
A gente vai levando, mas lá , no fundo do peito, a saudade aperta.
As vezes me sinto falha, pequena, impotente. As vezes me vejo na minha tristeza e lembro da sua alegria. Aparente.
Volto no tempo e consigo sentir voce aqui. Consigo ouvir sua voz.
Me lembro apenas do que quero lembrar. Fujo do que dói e no meu egoísmo , só me lembro do que foi bom. Dos nossos sábados, dos nossos domingos em família, das nossas noites , que como esta saíamos pra dançar.
Nós continuamos aqui. Ainda temos nossos almoços aos domingos, nosso amor em familia. Falta um pedaço , mas acho que a gente ignora.
Mas não se iluda. Voce faz falta. Muita falta.
Sua morte me ensinou muito. A dor sempre ensina.
Sua coragem em resolver seu problema me mostrou como não resolver os meus. Me ensinou a dar mais valor na nossa irmazinha, a tentar cuidar mais dela, enxerga-la melhorMostrar mais meu amor. Me mostrou meu amor maior pela nossa mãe. A valorizar mais tudo o que temos, tudo o que sou.
É assim que gosto de lembrar de voce. Sorrindo.
O resto eu prefiro esquecer.